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Mulheres Indígenas trocam experiências sobre equidade e igualdade de gênero

Intercâmbio de representantes de organizações da Amazônia e do Cerrado visa fortalecer o movimento de mulheres indígenas.

O evento reuniu cerca de 30 mulheres representantes de várias federações, organizações e associações de indígenas da Amazônia para discutir a participação das mulheres indígenas nos processos de gestão territorial, fortalecimento organizacional e iniciativas econômicas nas comunidades. Estavam representadas organizações indígenas de abrangência regional e estadual, como União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (APOIANP), Federação do Povos Indígenas do Pará (FEPIPA) , Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso – FEPOIMT, Conselho Indígena do Tapajós (CITA) e Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão (AMIM).

O encontro aconteceu em parceria com a UMIAB, entre 6 e 7 de setembro, em Brasília, e contou com o apoio da The Nature Conservancy.

Quote: Luciana Lima

Estamos buscando a oportunidade dessas mulheres colocarem suas vozes para ecoarem onde se sentem confortáveis e serem acolhidas em espaços de esferas diferentes

Gerente de campo Xingu

A programação do intercâmbio incluiu momentos de trocas de experiências entre mulheres representantes dos povos Xikrin, Parakanã, Xavante, Paresi, Bakairi, Kamaiurá , Galibi Marowo, Karipuna, Wajãpi, Guajajara, Tembé, Borari, Kayapó que tiveram a oportunidade de compartilhar mais um pouco de suas vivências e culturas. Em suas falas, as indígenas destacaram os desafios e  os avanços  em relação a participação das mulheres nas tomadas de decisão em suas comunidades, na implementação de projetos, na produção e comercialização de produtos e em outras atividades que desenvolvem para movimentar a economia em seus territórios.

As discussões ao longo do evento mostraram que, apesar de um histórico mais patriarcal na cultura de alguns dos Povos Indígenas ter limitado a participação das mulheres em papeis de liderança nas comunidades, esse cenário tem mudado, sempre respeitando as tradições de cada povo. “Nós não queremos roubar o lugar dos homens-guerreiros. Queremos lutar lado a lado” afirmou a presidente da UMIAB, Cíntia Guajajara, durante um dos espaços de debate do evento.

Mulheres Indígenas trocam experiências sobre equidade e igualdade de gênero
© Giovanny Veras - Opan

O movimento de mulheres indígenas tem ganhado cada vez mais força nos últimos anos e a presença feminina nos cargos de liderança das organizações e associações tem sido cada vez mais frequente, conquistando inclusive um número significativo de cargos municipais nas eleições de 2020, com mais do que o dobro de mulheres indígenas eleitas, em comparação com as eleições de 2016.

A TNC tem apoiado formação de lideranças femininas indígenas desde 2014, sempre incentivando a participação das mulheres das comunidades nos eventos e debates promovidos, além de apoiar diretamente iniciativas que ampliem a participação das mulheres, de acordo com as necessidades das comunidades, como o caso do suporte para o fortalecimento institucional da AMIM (Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão) no Amapá, com o apoio da equipe indígena Fernando Bittencourt (Gerente de Projetos) e Rafaela Carvalho (Analista de Conservação). No Pará, Luciana Lima, especialista em conservação na TNC Brasil e vem desde 2015 na atuação e buscando mecanismos de  fortalecimento das mulheres indígenas da região do Xingu, reforça a importância de iniciativas de apoio a equidade de gênero entre os povos indígenas. Sabemos e acreditamos que são as mulheres as detentoras dos saberes e toda essa força ancestral é repassada de geração a geração pela mulher. Estamos buscando a oportunidade dessas mulheres colocarem suas vozes para ecoarem  onde se sentem confortáveis e serem acolhidas em espaços de esferas diferentes , afirma Luciana.

Os registros em foto e vídeo do evento foram realizados pelos comunicadores indígenas Luene Karipuna e Kauri Wajãpi, integrantes da APOIANP. Luene participou do curso de formação de comunicadores indígenas (Guerreiros Digitais) apoiada pela TNC durante a pandemia. As imagens e informações ajudam a consolidar a rede entre os indígenas da região e suas bases, facilitando a comunicação para ajudar na articulação regional das necessidades e demandas dos povos indígenas. 

As representantes presentes avaliaram a necessidade de fortalecer cada vez mais as ações para discussão de equidade e igualdade de gênero entre os povos indígenas. A reunião ajudou no planejamento colaborativo para futuras agendas de discussão firmando o próximo encontro  na região do Oiapoque, Amapá, para o primeiro semestre de 2022 sobre o tema entre as comunidades.