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Aves ajudam a monitorar os impactos positivos da restauração florestal no Rio de Janeiro

Os resultados dos estudos na bacia do Rio Guandu ressaltam a importância de restaurar áreas degradas para proteger a biodiversidade.

Como parte do processo de avaliação dos impactos de conservação e restauração florestal do projeto Produtores de Água e Florestas (PAF) no município de Rio Claro, Rio de Janeiro, na bacia do Rio Guandu, a TNC tem monitorado a biodiversidade da região, mapeando as espécies de aves encontradas nas áreas restauradas pelo projeto.

As aves foram selecionadas como bioindicador no monitoramento da biodiversidade durante as atividades de restauração florestal. Bioindicador é uma espécie ou grupo de espécies que servem como referência para avaliação de impactos de uma determinada ação em um habitat. Nesse caso, a avifauna foi utilizada como bioindicador por estar presente em todos os biomas, ocupando uma grande variedade de nichos ecológicos que respondem às variações ambientais, além de seu importante papel na dispersão e polinização, e relativa facilidade de coleta de dado.

Foram realizadas 4 campanhas de monitoramento, e ao todo foram registradas 303 espécies diferentes. Esse total representa 37,9% das espécies listadas para todo o estado do Rio de Janeiro, 34% das aves conhecidas na Mata Atlântica e 15, 8% das espécies de aves do Brasil. Das espécies identificadas, 69 são endêmicas da Mata Atlântica e 22 apresentam algum grau de ameaça detectada por listas internacionais, nacionais ou regionais. Entre elas destacam-se o macuco (Tinamus solitarius), a araponga (Procnias nudicolis), o gavião pombo pequeno (Amadonastur lacernulatus) e o pavó (Pyroderus scutatus), espécies florestais e sensíveis a alterações, com relativa importância na dispersão de grandes frutos; logo, espécies chaves nos processos de restauração florestal. 

O levantamento indica que esta região supera a riqueza de algumas unidades de conservação, o que ressalta ainda mais sua importância na conservação da biodiversidade, bem como seu elevado potencial de turismo para observação de aves.

A região também está inserida no contexto do corredor de biodiversidade Tinguá-Bocaina, onde, por meio de levantamento secundário, listamos 519 espécies para toda a área do corredor (65% das espécies listadas para o estado do Rio de Janeiro). Nesta região ocorrem espécies mais sensíveis às modificações ambientais e dependentes de habitats florestais, como o limpa-folha-miúdo (Anabacerthia amaurotis), o capitão-castanho (Attila phoenicurus) ou o tropeiro-da-serra, considerando a variação ambiental que vai das áreas próximas à Serra do Mar, sofrendo a influência oceânica, até áreas serranas.

 

Nas áreas de restauração antiga cerca de 56 a 59% das espécies identificadas eram completamente dependentes de florestas e entre 25 a 29%, semidependentes de ambientes florestais. De forma geral, as áreas mais jovens de restauração apontaram a presença de espécies características de áreas abertas. Nesse contexto, a tendência é que, na medida em que as áreas de restauração se consolidam, elas irão eventualmente abrigar espécies que dependem de um habitat mais preservado, o que ressalta a importância dessas áreas na paisagem.

Em comparação aos monitoramentos anteriores (2010, 2013 e 2017), em 2020 foi registrado um aumento proporcional de mais de 10% de espécies características de ambientais florestais, que pode ser resultado do amadurecimento do processo de restauração em alguns fragmentos.  

Acesse o Guia com as espécies de aves encontradas na região