Plantação de soja Plantação de Soja em Santarém - PA © Erik Lopes

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União de organizações oferece oportunidades de crédito para produtores rurais

Bunge, Santander e TNC oferecem a produtores de soja empréstimos a longo prazo para expandir a produção sem desmatar o Cerrado.

No dia 29 de agosto, a Bunge, o Banco Santander Brasil e a The Nature Conservancy (TNC) anunciam que, em parceria, desenvolveram um mecanismo de financiamento inédito para produtores de soja do Cerrado brasileiro.

O programa é destinado a promover a produção agrícola sem desmatamento ou conversão da vegetação nativa, promovendo empréstimos a longo prazo aos produtores que se comprometerem a cumprir esta abordagem. Atualmente, a maioria dos empréstimos disponíveis para produtores de soja no mercado é de menos de um ano para financiar os custos anuais da safra. Este novo mecanismo vai oferecer empréstimos de até dez anos, já que reconhece que os investimentos em aquisição e preparação de terras têm retorno a longo prazo.

A produção de soja no Brasil triplicou de 2001 a 2017 e o Cerrado recebeu muito desta expansão, adicionando 9,6 milhões de hectares de plantação de soja no período, parte significante disso em áreas de vegetação nativa. Até 2027, estima-se que será necessário contar com mais áreas extensas de plantação no bioma para fazer jus ao crescimento previsto.

O novo mecanismo de financiamento faz parte de um esforço coletivo entre ONGs, companhias e bancos para atender a crescente demanda pela soja de forma sustentável. Ano passado, Bunge, TNC e outras organizações lançaram a plataforma Agroideal – uma ferramenta online de planejamento para ajudar o setor de soja a fazer decisões melhores sobre onde expandir sua produção. Traders e empresas de bens de consumo também se comprometeram com o fornecimento livre de desmatamento, mas até o momento pouco foi feito para criar incentivos para os agricultores expandirem a produção em terras que já foram desmatadas.

“Atualmente, mais de 25 milhões de hectares de terras desmatadas no Cerrado são aptas para expansão de soja”, comenta Mark Tercek, CEO da TNC. “Nós acreditamos que introduzir um financiamento de longo prazo promoverá um incentivo real aos agricultores a produzir de forma mais sustentável e ir além de cumprir as leis e regulamentos ambientais. A TNC traz ciência aplicada em questões ambientais e de monitoramento para apoiar este mecanismo.”

O programa de financiamento será implementado com aproximadamente US$50 milhões em capital, em forma de piloto, e promoverá empréstimos individuais, familiares ou para propriedades corporativas em lugares elegíveis. A expectativa é que os empréstimos estarão disponíveis no início de setembro. Uma vez comprovado que o modelo é financeiramente viável e ambientalmente correto, Bunge, Santander Brasil e TNC querem ganhar escala com o programa com outros investidores e produtores.

“Em 2015, a Bunge se comprometeu a eliminar o desmatamento de suas cadeias agrícolas globais e parte importante desta estratégia é desenvolver incentivos comerciais viáveis para conservação”, afirma Soren Schroder, CEO da Bunge Ltd. “O amplo relacionamento da Bunge com produtores e sua relevante presença no agronegócio brasileiro, além da expertise em gerenciamento de risco, serão de grande benefício no desenvolvimento e gerenciamento desta nova conduta de investimentos para o programa. Trabalharemos junto com a TNC e o Santander Brasil para atingir novas metas.”

“Como parceiro financeiro e sendo um dos bancos líderes em crédito ao produtor rural no Brasil, comprometido com a sustentabilidade, o Santander Brasil está em uma posição privilegiada para garantir que o programa decole e ganhe escala após a fase inicial”, afirma o CEO do Santander Brasil e co-presidente do Conselho de Conservação para a América Latina, Sérgio Rial. “Estamos confiantes de que desempenharemos um papel decisivo na expansão da agricultura sustentável, com benefícios tanto para produtores e consumidores quanto para a preservação do meio ambiente.”