O setor de alimentos avançou na redução do desmatamento, porém mais precisa ser feito
Por Jennifer Morris, CEO da The Nature Conservancy
Este ano, na COP27, 14 empresas lançaram o documento Agriculture Sector Roadmap to 1.5°C, que demonstra como a transição para um modelo de produção de commodities livre de desmatamento e conversão da vegetação nativa pode ser alcançada. Comentando o lançamento do documento, Jennifer Morris, CEO da The Nature Conservancy, falou:
"Quatorze das maiores empresas do agronegócio mundial se comprometeram a eliminar rapidamente o desmatamento e conversão nas mais importantes commodities tropicais: pecuária, olho de palma e soja. O grupo apresentou compromissos diferentes para cada tipo de mercadoria, alguns notavelmente mais ambiciosos que outros.
O setor de pecuária se comprometeu a eliminar o desmatamento, tanto legal quanto ilegal, na Amazônia até 2025, incluindo de fornecedores diretos e indiretos. Um compromisso muito necessário para a maior floresta tropical do planeta, que continua a registrar taxas alarmentes de perda de habitats e carbono.
Notavelmente, as empresas da cadeia da pecuária expandiram seu compromisso contra o desmatamento ilegal para o Cerrado, um importante passo para a proteção de um dos biomas mais ameaçados da América do Sul. Infelizmente, eles não delinearam um compromisso para a região do Gran Chaco, uma necessidade que vamos continuar a pressionar.
Os compromissos para o óleo de paula ofereceram um bom progresso para as florestas tropicais e turfeiras do Sudeste da Asia, partes da América do Sul e África, onde já foram construídos trabalhos significativos desse setor, especialmente por reformas lideradas pela Indonésia.
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O progresso feito pelos setores da pecuária e óleo de palma, no entanto, contrastam bastante com a falta de progresso proposta pelo setor da soja.
Vemos os compromissos do setor da soja, em parte, como um retrocesso, pois estão se afastando de uma questão já definida há muito tempo pelo Código Florestal Brasileiro. A legislação não distingue os tipos de habitat, exigindo a proteção tanto de florestas nativas quanto de savanas em reserva legal. O atual compromisso apresentado no documento pelo setor de soja se distancia disso, mostrando uma nova definição para desmatamento e deixando em aberto a possibilidade de conversão de curto prazo para ecossistemas de savana e florestas, liberando potencialmente emissões de carbono ao longo do Cerrado. O Gran Chaco, que é um bioma diverso como o Cerrado e que se espalha por quatro países, não tem o o benefício de um mecanismo político de proteção como o Código Florestal e pode estar sujeito a taxas ainda maiores de desmatamento. Como duas das áreas importantes na expansão da produção de soja, fazemos um chamado ao setor para reconsiderar seu plano de ação para esses biomas essenciais.
O Roadmap é um ponto de intersecção onde produtores rurais encontram a economia global. Essas empresas tem o poder único de influenciar mudanças nas práticas agrícolas e decisões sobre o uso e conservação da terra. Para implementar esses compromissos serão necessários grandes investimentos, um resultado que seria muito bem-vindo para o setor com planos válidos. Agora é a hora de uma ação decisiva para alcançar um modelo de produção de commodities livre de desmatamento e conversão.
A TNC está pronta para colaborar com empresas e governos com a ambição para inovar, pelo bem do planeta e nosso futuro compartilhado."