Coleta de sementes do povo Xavante
SEGURANÇA ALIMENTAR Coleta de sementes Xavantes © Marcelo Okimoto

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Povos Indígenas buscam segurança alimentar durante a pandemia

Iniciativa da FEPOIMT e da TNC na bacia do Araguaia apoia roças comunitárias com 6 Povos Indígenas e oferece sementes adaptadas e apoio técnico.

O bem-estar dos povos indígenas e comunidades tradicionais está diretamente relacionado à proteção e conservação dos recursos naturais de seus territórios. Quando as comunidades têm seus direitos fundamentais e saúde ameaçados, há um impacto direto no meio ambiente, trazendo prejuízos para todos.

Por isso, a TNC e a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT) apresentaram um projeto ao Programa de Mudanças Climáticas do Mato Grosso, baseada numa iniciativa de pagamento por resultado em redução do desmatamento (REM MT), para enfrentar um dos principais impactos da COVID-19 nesses territórios: a insegurança alimentar.

A iniciativa busca fortalecer o modelo de roças agrícolas tradicionais dos povos indígenas om a utilização de sementes crioulas, que são sementes passíveis de serem reservadas para as safras seguintes, fortalecendo os Xavante na soberania das suas sementes.  Além disso, o projeto visa aumentar a capacidade de produção e estoque e alimentos no território Xavante, reduzindo a necessidade desses povos saírem de suas terras em um momento de risco sanitário para suas populações.

O trabalho é realizado em nove terras dos Povos Xavante e nas seis terras dos Povos Indígenas do Médio Araguaia (Tapirapé, Karajá, Kanela, Krenak e Maxacali) na região da bacia do Araguaia. O papel da TNC é promover um debate junto aos povos indígenas sobre a segurança alimentar, ajudar a capacitar agentes locais para distribuir as sementes e acompanhar o projeto em cada uma das 13 áreas de atuação do projeto, além de apoiar a formação de um articulador político e um técnico agrícola indígenas em cada local.

 

Crianças Xavantes aprendendo sobre coleta de sementes.
CRIANÇAS XAVANTES Crianças Xavantes aprendendo sobre coleta de sementes. © Marcelo Okimoto

“Este projeto tem  permitido a  implementação de uma estratégia indígena de enfrentamento  de um impacto perverso  da  Covid  sobre  a  segurança alimentar das comunidades   indígenas da região do  Araguaia  e, simultaneamente,  esta   permitindo  fortalecer as organizações indígenas da Rede FEPOIMT e a conscientização dos líderes e jovens indígenas sobre a necessidade de construir um plano  de gestão e sustentabilidade territorial e ambiental, com melhoria do bem-estar de suas comunidades e terras indígenas. ”, afirmou Helcio Souza, Gerente da Estratégia de Povos Indígenas da TNC Brasil.

Segundo a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), até o dia 19 de janeiro de 2022, a pandemia da COVID-19 fez 1.032 vítimas fatais e infectou mais de 43.036 pessoas em 153 povos indígenas nos 9 estados da Amazônia Legal. “Assegurar a disponibilidade de alimentos nas aldeias é uma das ações que podemos tomar para reduzir os impactos da pandemia sobre nossos territórios e, além disso, aumentar a proteção ambiental nessas terras”, afirma Crisanto Rudzö Tseremey´wá Xavante, Presidente da FEPOIMT.

O projeto da TNC e da FEPOIMT teve início em setembro de 2021 e está, atualmente, na etapa de entrega de sementes e árvores frutíferas às comunidades. Até julho deste ano, será feito um levantamento dos alimentos produzidos nas roças e o retrato das condições de gestão territorial e ambiental das 15 Terras Indígenas vinculadas ao projeto, na região do Araguaia, Mato Grosso.

A TNC trabalha há anos em parceria com essas comunidades em iniciativas que vão além do cenário atual da pandemia e do tema da segurança alimentar. Uma das prioridades da organização é reforçar ações de proteção e vigilância territorial, apoiando a implementação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs), planos de vida ou planos de uso de territórios dos povos e comunidades indígenas. Faz parte da iniciativa a aplicação de ferramenta de diagnóstico e monitoramento participativo que irá permitir que os indígenas realizem um mapeamento completo de diferentes aspectos em seus territórios, como a biodiversidade, a economia, a organização política e social e questões de bem-estar e bem-viver dos Povos Xavante.