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COP15 começa com a missão de definir novas metas de proteção da natureza  

O Brasil, como um país megabiodiverso, tem um papel fundamental na conservação da biodiversidade.

Imagem da COP15

Começou no último dia 7, em Montreal, no Canadá, a etapa final da 15ª Conferência de Diversidade Biológica das Nações Unidas, conhecida como COP15. A corrida para proteger a biodiversidade do planeta estará no centro das atenções e representantes do mundo todo estarão reunidos buscando um acordo para o Novo Marco Global da Biodiversidade, que orientará as ações globais sobre a natureza até 2030.

A corrida para salvar a biodiversidade do planeta é tão urgente quanto a crise climática. Segundo a Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, um quarto das espécies de plantas e animais está ameaçado de extinção e o Fórum Econômico Mundial calcula que mais da metade do PIB global depende da natureza. A perda de biodiversidade é perda de floresta e isso agrava o quadro climático global e dificulta a meta de manter o aquecimento do planeta em até 1,5ºC até o fim do século.

Menos de um mês após a última Conferência do Clima (COP27), a COP15 está centrada na Convenção sobre Diversidade Biológica, um acordo internacional, surgido durante a Rio 92 e firmado por 196 países, como forma de estabelecer como as nações devem usar e proteger os recursos naturais globais.

Quote: Frineia Rezende

Sem conservação da natureza não há como combater as mudanças climáticas, não há como frear a extinção de espécies que estamos presenciando

Diretora Executiva da TNC Brasil

Essa é uma das principais agendas da The Nature Conservancy (TNC) Brasil, organização que atua há mais de 30 anos na conservação ambiental em 76 países. A TNC Brasil estará presente em Montreal para promover e acompanhar debates, contribuindo com a busca de soluções para preservação da biodiversidade global por meio de práticas que viabilizem o financiamento sustentável de longo prazo para preencher as lacunas das ações em prol da natureza e atender às necessidades de gerenciamento contínuo.

"O Brasil, um dos países mais biodiversos do planeta, tem a responsabilidade de puxar essa agenda. Precisamos de um plano de ação efetivo focado na iniciativa 30x30 para que 30% dos habitats essenciais sejam resguardados até 2030. Sem conservação da natureza não há como combater as mudanças climáticas, não há como frear a extinção de espécies que estamos presenciando”, afirma a diretora executiva da TNC Brasil, Frineia Rezende.

Além da ampliação de áreas protegidas como estratégia para conservação da biodiversidade, Frineia lembra, ainda, que é preciso atenção especial para o acesso a recursos genéticos e repartição de benefícios pelo seu uso econômico. Ou seja, a forma como o patrimônio genético natural pode ser acessado e como os benefícios que resultam do seu uso comercial são compartilhados entre as pessoas ou países que utilizam esse recurso e as pessoas ou países que o fornecem.

“As definições na COP vão direcionar como os países devem atuar em relação ao acesso a recursos da biodiversidade e como repartir os benefícios entre países, estados e comunidades locais a fim de manter protegida a produção de determinado recurso. O Brasil é modelo nessa agenda, com experiência na Lei da Biodiversidade (13.123/2015), que Regulamenta a Convenção sobre a Diversidade Biológica e reflete as preocupações do Protocolo de Nagoya”, explica.

Ainda segundo a executiva, essa agenda é de extrema importância para os povos Indígenas, Ribeirinhos e Quilombolas, que são os guardiães da florestas e do patrimônio genético da biodiversidade. Segundo estudo recente publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, os Povos indígenas são 5% da população mundial e protegem cerca de 85% da biodiversidade do planeta.

“O Brasil tem muito a contribuir e experiência suficiente para mostrar o que é replicável. A TNC vem trabalhando na Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado com projetos que podem ser replicáveis, como o Cacau Floresta no Pará, que há 10 anos tem provado que é possível restaurar áreas degradas com sistemas agroflorestais baseados em espécies nativas da região. A COP15 precisa usar essas experiências e terminar com um plano de ação para que sejam efetivamente cumpridas as metas 30x30 para a biodiversidade”, finaliza Frineia.