Estande Cacau Floresta Agricultores e especialistas puderam trocar experiências sobre agroflorestas de cacau durante o Festival do Chocolate 2019. © Erik Lopes/TNC

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Cacau Floresta no VI Festival Internacional do Chocolate e Cacau

Produtores e técnicos mostraram suas experiências trabalhando com agroflorestas recheadas de cacau.

Entre os dias 19 e 22 de setembro, a The Nature Conservancy (TNC) levou ao VI Festival Internacional do Chocolate e Cacau, em Belém-PA, as experiências de restauração florestal utilizando sistemas agroflorestais do projeto Cacau Floresta na Amazônia. Além de um stand para apresentar resultados do projeto, Rodrigo Freire, Vice-Coordenador de Restauração da TNC Brasil, participou do Fórum do Cacau com a palestra “Sistemas agroflorestais com cacau como forma de melhoria de vida no campo, conservação e restauração da floresta amazônica”.

Quem visitou o stand do projeto Cacau Floresta pôde conversar com técnicos e produtores rurais que fazem parte do projeto e conhecer como a restauração de áreas degradadas com agroflorestas de cacau têm transformado a vida de famílias no sudeste do Pará, além de avançar a agenda de restauração florestal. Desde 2013, o projeto já beneficiou 122 famílias de pequenos agricultores, dando apoio técnico na implantação de sistemas agroflorestais utilizando o cacau como produto principal, totalizando mais de 500 hectares restaurados. Dentro desse sistema, agricultores conseguem restaurar áreas desmatadas, que geralmente era utilizadas em uma pouco produtiva atividade pecuária de pequena escala, para aumentar a renda com a diversificação da produção em lavouras de cacau consorciadas com outras espécies frutíferas ou madeireiras.

Quote: Rodrigo Freire

A cadeia da cacauicultura é uma grande oportunidade para os produtores aqui no Pará porque já existe uma demanda por aumento da produção e um mercado consolidado.

Vice-Coordenador de Restauração da TNC Brasil

É o caso de João Batista Araujo, produtor rural de São Félix do Xingu, que começou a plantar cacau há mais de 20 anos como uma alternativa de diversificar a sua produção, que antes era focada na pecuária. Ao conhecer os resultados do cacau, acabou abandonando a pecuária e hoje os 50 hectares de sua propriedade são compostos por lavouras de cacau e outras espécies nativas da Amazônia, como o mogno, uma de suas maiores paixões. “Eu larguei a pecuária por causa da renda. Percebi que o gado só daria renda se eu tivesse uma área grande. Como eu tinha uma área pequena, fiz uma experiência com cacau e vi que o cacau tem uma renda muita rápida. E dá muito dinheiro. Em uma área pequena você consegue produzir muito”, contou João Batista. Hoje, com o apoio técnico do projeto Cacau Floresta, ele conseguiu potencializar sua produção e produz cerca de 50 mil kg de cacau por ano, melhorando a qualidade de seus plantios e reduzindo perdas durante o processo de colheita e secagem das amêndoas.

Grupo de produtores rurais de São Félix do Xingu e Tucumã, junto com técnicos do projeto Cacau Floresta.
Intercâmbio da cacauicultura Grupo de produtores rurais de São Félix do Xingu e Tucumã, junto com técnicos do projeto Cacau Floresta. © Erik Lopes/TNC

No total, 32 produtores rurais saíram dos municípios de São Félix do Xingu e Tucumã, no Pará, e viajaram mais de mil quilômetros para participar do Festival. No evento eles puderam trocar experiências com cooperativas, empresas, ONGs e outros produtores rurais sobre a produção de cacau em diversas regiões do estado e do país. Eles também puderam enxergar oportunidades de negócio e ver como o mercado do cacau tem se expandido na região. “A cadeia da cacauicultura é uma grande oportunidade para os produtores aqui no Pará porque já existe uma demanda por aumento da produção e um mercado consolidado”, explica Rodrigo Freire.

Com os recentes aumentos nas taxas de desmatamento na Amazônia, é essencial fomentar alternativas produtivas que possam conciliar a produção com a proteção e restauração de florestas na região. O Cacau Floresta e a expansão de produção em agroflorestas são uma opção sustentável de melhorar a renda de produtores rurais, garantindo que eles adequem suas propriedades rurais às normas ambientais e, assim, avançando a agenda de restauração florestal e conservando a biodiversidade na região.