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Brazilian Day discute oportunidades para a biodiversidade brasileira na COP15

Evento reuniu vozes de diversos setores da sociedade para discutir as oportunidades e responsabilidades para o Brasil na agenda de biodiversidade.

Foto da abertura do evento na COP15.
BRAZILIAN DAY Convidados de diversos setores da sociedade debateram as possibilidades para avançar na proteção da biodiversidade no Brasil. © Mariana Pitta/TNC

A biodiversidade é a base da saúde do planeta e tem um impacto direto sobre a vida de todos nós, uma vez que as seguranças alimentar e hídrica dependem dela. Além disso, a perda de biodiversidade é considerada pelo Fórum Econômico Mundial o terceiro principal risco global. Mais da metade da produção econômica mundial (US$ 44 trilhões por ano) é moderada ou altamente dependente dela, o que traz nítidos riscos para a geração de empregos e renda. Neste contexto, o Brasil, país mais biodiverso do planeta, tem grandes desafios, oportunidades e responsabilidades com a sua proteção.

Pensando nisso, o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), a The Nature Conservancy (TNC) Brasil e o WWF-Brasil promoveram o “Brazilian Day, a diversidade é a nossa natureza”, evento paralelo à COP15, a Cúpula da ONU para a Biodiversidade, no Canadá.

Entre os temas debatidos estiveram a meta “30x30”, que propõe conservar 30% dos habitats naturais da Terra até 2030, além do novo Marco Global para Biodiversidade (GBF), que vem sendo considerado equivalente ao Acordo de Paris para a biodiversidade e que está em construção na COP15. Os acordos que formarão a peça serão fundamentais para deter e reverter a perda da natureza, conduzindo o planeta a um modelo de desenvolvimento em harmonia com a natureza até 2050.

O Brazilian Day foi um dia inteiro de intensos debates, em que representantes de diversas organizações estiveram reunidos buscando contribuir para o Novo Marco Global da Biodiversidade, que orientará as ações globais sobre a natureza até 2030. Os painéis abordaram as expectativas para a Conferência; os desafios e oportunidades para o Brasil na implementação do Marco pós-2020; financiamento para biodiversidade; cadeia de valor e bioeconomia; e terminou com um painel sobre os biomas brasileiros.

Segundo Henrique Luz, gerente técnico do CEBDS, o atual cenário coloca em risco atividades como a produção de alimentos, a pesquisa de novos medicamentos e cosméticos, a recarga de fontes de água potável e a oferta de matérias-primas para atividades comerciais e industriais.

“A colaboração entre os setores público e privado é essencial. Ao colaborar na definição de metas e métricas para a operação e priorizar investimentos em soluções sustentáveis, as empresas querem promover, já no curto prazo, um novo modelo de desenvolvimento, baseado em uma economia verde, que gere empregos e renda de forma sustentável”, detalha.

De acordo com o gerente de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Michel Santos, a COP15 tem o desafio de encorajar e apoiar as Partes a desenvolverem políticas nacionais para implementar Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), para gerar recursos adicionais para conservação, restauração, gestão sustentável e uso sustentável esforços, contribuindo para a implementação do GBF.

Quote: Frineia Rezende

Ações ambiciosas, financiamento e implementação em campo, gerando benefícios sociais, ambientais e econômicos deverão ser a base do que está sendo chamado de uma nova economia.

Diretora Executiva da TNC Brasil

“Neste sentido, o Brazilian Day trouxe experiências nacionais em andamento com mecanismos financeiros e pagamentos por serviços ecossistêmicos para apoiar e estimular atividades de conservação, restauração, manejo sustentável e uso sustentável, por meio do envolvimento do setor privado e outras partes interessadas relevantes, incluindo povos indígenas e comunidades locais”, destaca.

A diretora executiva da TNC Brasil, Frineia Rezende, destacou que dessa COP precisa sair um efetivo plano de ação que garanta o sucesso das metas e, para isso, segundo ela, é urgente e necessário o fomento à sociobiodiversidade de forma a garantir o desenvolvimento econômico sustentável e manutenção da floresta em pé com toda a sua vasta biodiversidade,além da garantia de direitos.

“Ações ambiciosas, financiamento e implementação em campo, gerando benefícios sociais, ambientais e econômicos deverão ser a base do que está sendo chamado de uma nova economia, com redução do desmatamento, restauração e valorização da floresta em pé. Neste sentido, também é nossa expectativa que a defesa de direitos não seja apenas um preâmbulo do novo acordo, mas sim um objetivo que esteja presente entre todas as metas, de forma a influenciar os debates, valorizar as pessoas e o conhecimento tradicional, e ser refletido de forma concreta em políticas públicas nos países”, explica.

Vale lembrar que, segundo a Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, um quarto das espécies de plantas e animais está ameaçado de extinção.