A natureza será protagonista em 2021?
Veja como a pandemia nos mostrou que a natureza está em tudo.
Uma das muitas coisas que aprendemos com o choque global da COVID-19 é como a humanidade está intimamente ligada à Natureza. Um agente patogênico carregado pela vida selvagem infectou mais de 70 milhões de pessoas, interrompeu cadeias de suprimentos globais, revelou injustiças sociais e expôs novas vulnerabilidades em nossos sistemas financeiros: os custos de nosso relacionamento rompido com a natureza estão surpreendentemente nítidos.
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Como impedir a próxima pandemia
A pandemia da COVID-19, que já matou 1,3 milhão de pessoas até agora, originou-se provavelmente do contato do ser humano com a vida selvagem. E diante da estimativa de outros 850 mil vírus transportados por pássaros e mamíferos, que também podem ser transferidos para seres humanos, nossas chances de enfrentar outra pandemia são grandes, caso não encontremos formas de limitar esse contato no futuro. Proteger a natureza é o melhor que podemos fazer para evitar futuras pandemias, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Como fazer isso? Podemos começar com uma melhor aplicação da proteção das reservas de vida selvagem, reprimindo o comércio ilegal de animais selvagens e fazendo alterações na política de uso da terra para limitar ainda mais o contato entre seres humanos, rebanhos e animais selvagens. Essas medidas consomem dinheiro em um momento em que os governos de todo o mundo estão sem recursos financeiros, mas tendo em vista que os impactos econômicos da COVID-19 até o momento são 100 vezes maiores que o custo estimado da prevenção, tais esforços justificariam o investimento.
"Tendo em vista que os impactos econômicos da COVID-19 até o momento são 100 vezes maiores que o custo estimado da prevenção, os esforços de preservação justificariam o investimento."
Para saber mais sobre o papel da natureza para prevenir futuras pandemias, acesse “Nature-Based Solutions for People, Planet and Prosperity,” um guia para tomadores de decisão produzido pela TNC e 20 outras ONGs.
TECNOLOGIA:
As mudanças climáticas podem quebrar a internet?
A maioria de nós tem passado muito mais tempo on-line neste último ano e, mesmo assim, a infraestrutura da Internet continua invisível. Contudo, essa infraestrutura é real e é ameaçada pela mudança climática, uma vez que a elevação do nível do mar pode destruir pontos de conexão cruciais ao longo das costas do mundo. Incêndios incontroláveis exacerbados pelo clima ameaçam uma tecnologia ainda mais fundamental, a eletricidade, como puderam constatar os moradores dos EUA no outono último, quando as empresas de energia desligaram linhas de transmissão na Califórnia para diminuir a propagação dos incêndios.
A mudança climática já é uma realidade mas, se agirmos rapidamente para limitar os aumentos de temperatura, poderemos reduzir alguns dos seus impactos. As empresas de tecnologia e outras grandes corporações podem desempenhar um papel importante aqui aproveitando seu poder de compra para acelerar a transformação da energia renovável e ajudar a garantir que novas plantas de energia renovável sejam instaladas de modo a não prejudicar os habitats naturais. Isso é particularmente importante porque não podemos manter a mudança climática dentro de limites seguros sem mais investimentos na Natureza, protegendo, restaurando e administrando paisagens naturais e assim, as zonas alagadas poderiam proporcionar até um terço das reduções de emissões de que precisaremos na próxima década.
Existem várias soluções climáticas naturais diferentes, mas algumas são cruciais e incluem o fim do desmatamento, a implementação de práticas agrícolas mais inteligentes e o apoio às comunidades indígenas, que manejam algumas das terras mais ricas em carbono e em biodiversidade do mundo.
"A proteção, restauração e manejo de terras e zonas alagadas naturais podem proporcionar até um terço das reduções de emissões de que precisaremos na próxima década."
Baixe o Playbook for Climate Action para conhecer as estratégias da TNC para que os governos e empresas possam combater as mudanças climáticas.
Para aprender como o setor privado pode ajudar a acelerar a transição para a energia limpa, baixe Clean and Green Pathways to a Global Renewable Energy Buildout.
ALIMENTOS:
Os consumidores desejam sistemas alimentares mais verdes e o setor de alimentos provavelmente quer isso mais ainda
A COVID-19 desferiu um grande golpe nas cadeias de suprimentos das empresas de alimentos e bebidas de todo o mundo, mas pesquisas recentes demonstram que o setor sabe disso e está investindo no risco maior que ameaça nosso sistema alimentar: a saúde ambiental. Cada vez mais, os tomadores de decisão desses setores consideram os riscos ambientais como ameaças operacionais diretas e estão investindo nesse sentido. Na verdade, em todo o mundo, as empresas de alimentos estão investindo mais em sustentabilidade, não menos. Desde agricultores que implementam práticas de cultivo que promovem a saúde do solo até grandes exportadores que investem em produtos agrícolas livres de desmatamento, vemos o setor investir mais na produção de alimentos favorável à natureza, embora ainda seja necessária uma mudança mais rápida e mais abrangente nos setores de alimentos e bebidas.
As escolhas alimentares são complexas e as cadeias de valor de alimentos ainda mais, mas tanto os consumidores quanto os líderes do setor concordam acerca da necessidade de um avanço mais rápido na direção de um sistema alimentar favorável à Natureza. A pandemia intensificou a pressão sobre o setor para lutar por maior resiliência e sustentabilidade. Esse alinhamento entre consumidores e produtores pode ser exatamente o que precisamos para transformar a produção de alimentos da maior ameaça à Natureza, em uma importante alavanca para a mudança positiva.
"Na verdade, em todo o mundo, as empresas de alimentos estão investindo mais em sustentabilidade, não menos."
Baixe a publicação Food & Nature Digest: Accelerating the Green Recovery para saber mais sobre como consumidores e empresas enxergam os investimentos sustentáveis nos setores de alimentos.
VIAGENS:
A natureza precisa de turistas?
Quando as viagens em todo mundo sofreram grande queda no ano passado, houve uma grande redução nas emissões. Mas houve também uma diminuição no financiamento das reservas naturais, muitas das quais dependem totalmente da receita do turismo, além da devastação das comunidades adjacentes, que também dependem do turismo. O ecoturismo provavelmente continuará a ser um setor importante em algumas regiões, mas precisamos de outras fontes de financiamento e a natureza pode ajudar a proporcioná-las.
Felizmente, existem muitas formas de a Natureza gerar valor e sustentar as comunidades locais. Títulos financeiros para a conservação da vida marinha oferecem uma abordagem. A TNC foi pioneira nesta estratégia nas Ilhas Seychelles, alavancando as subvenções públicas e o capital comercial para reestruturar a dívida soberana da nação e investir uma parte da economia na proteção de novas áreas marinhas e em uma gama diversificada de oportunidades econômicas favoráveis à natureza. Uma faixa do sistema de barreira de corais mesoamericano na costa do México é outro exemplo. Uma política de seguros paramétrica fornece um pagamento quando o coral é danificado por fortes tempestades, garantindo que o ecossistema do coral seja mantido e continue a proteger a comunidade local, pois a indústria do turismo local depende do coral. A ampliação de estratégias como essas, que protegem a biodiversidade e apoiam a subsistência das comunidades locais, será essencial para o progresso ambiental de longo prazo.
"O ecoturismo provavelmente continuará a ser um setor importante em algumas regiões, mas precisamos de outras fontes de financiamento e a natureza pode ajudar a proporcioná-las."
FINANÇAS:
Salvando o sistema bancário da extinção
Mais de 44 trilhões de dólares da economia global dependem da natureza, o que significa que não podemos reconstruir economias saudáveis sem investir substancialmente no nosso planeta. Infelizmente, há muito tempo não investimos o suficiente na natureza. Em termos globais, precisamos de mais 700 bilhões de dólares por ano para financiar a proteção e a restauração da natureza.
Trata-se de um número frio, mas a COVID-19 na verdade acelerou a tendência no sentido de investimentos sustentáveis, segundo a empresa de consultoria PwC, que prevê que 77% dos investidores institucionais comprarão apenas fundos ESG até 2022. Contudo, ainda precisamos de mais ação da parte de líderes governamentais para incrementar o financiamento favorável à natureza e criar mais incentivos ao financiamento privado. O redirecionamento do financiamento público para subsídios favoráveis à natureza, por si só, poderia oferecer até 40% dos recursos necessários para preencher a lacuna de financiamento da natureza.
"Mais de 44 trilhões de dólares da economia global dependem da natureza, o que significa que não podemos reconstruir economias saudáveis sem investir substancialmente no nosso planeta."
Para saber como tomadores de decisão podem direcionar mais recursos financeiros para a natureza, acesse Financing Nature: Closing the Global Biodiversity Funding Gap.
Para uma visão mais ampla sobre o papel da natureza na economia, baise o Nature-Positive Compendium.
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